Fonte: UN News |

Ciclone Freddy piora realidade de moçambicanos que sofreram ataques terroristas

Moçambique soma dezenas de mortes do total de 270 já confirmadas na região sul da África

O ciclone Freddy é considerado um dos mais fatais na história do continente

NEW YORK, Estados Unidos da América, 17 de março 2023/APO Group/ --

ONU News apresenta relatos “da dupla tragédia” e luta pela sobrevivência das vítimas; comunidade humanitária consegue ter acesso gradual a áreas inundadas; Nações Unidas liberam US$ 10 milhões para acelerar resposta de emergência.

Agências humanitárias fazem o primeiro contacto com a realidade, após a segunda passagem do ciclone Freddy por Moçambique.

No acesso gradual aos locais ainda inundados, as vítimas revelam experiências vividas durante a tempestade tropical que está ativa há quase 40 dias. Moçambique soma dezenas de mortes do total de 270 já confirmadas na região sul da África. O ciclone Freddy é considerado um dos mais fatais na história do continente.

Emergência

Para apoiar resposta humanitária, a ONU anunciou a entrega de US$ 10 milhões do Fundo Central de Resposta de Emergência. A meta é atuar com as autoridades moçambicanas apoiando 49 mil deslocados em 140 centros de acomodação.

Num desses locais, Tomásia Zacarias é considerada um exemplo de resiliência. Ela sobreviveu à tempestade que derrubou sua casa na província da Zambézia após  fugir dos ataques de terroristas em Cabo Delgado, no norte.

Ela fala de como começar tudo de novo a uma assistente da Agência da ONU para Refugiados em Gogodane, distrito de Namacurra. A sobrevivente lidera o chamado espaço seguro para desabrigados, que ficou sem casas de pé.

“Este ciclone Freddy foi uma tragédia, perdemos casas, como estamos a ver. Perdemos tudo e já não conseguimos nada, assim como as 35 mulheres na mesma situação. Outras estão no centro seguro de acomodação, nas fábricas…O centro em si está na mesma situação. É por isso que queremos pedir ajuda.”

Casas arrasadas

A mesma realidade é a de Mustafa. Também deslocado devido ao terrorismo no norte, ela relata o espanto de testemunhas de várias gerações com a intensidade do ciclone Freddy.

“Estou bem, mas as dificuldades são várias. O ciclone Freddy nos afetou. Em suma todo o centro está com casas desmoronadas. O ciclone foi forte. E mesmo os mais velhos, que têm mais de 80 anos, dizem que nunca viram um ciclone idêntico. Foi muitíssimo forte.”

O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Ingd, indica que a província da Zambézia é a mais afetada com cerca de 211.784 pessoas. O segundo maior número de vítimas foi em Sofala com 33.435.

As vítimas em Tete foram mais de 6,8 mil, em Manica 1,1 mil e em Niassa 231 pessoas.

O ciclone Freddy entrou para a costa moçambicana pela primeira vez em  11 de março. Para facilitar a reconstrução, as autoridades decidiram parar com o pagamento de taxas de transporte de produtos de emergência e baixar tarifas de navios, serviços marítimos e manuseamento de carga para auxílio.

O anúncio foi feito pelo presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ao informar a decisão do governo de criar um gabinete permanente de reconstrução pós-ciclone.

Distribuído pelo Grupo APO para UN News.